23rd Century Schizoid Man

> 11/11/2264; Hendercarson, Nevada; Universo 210-P
 Alex Carter Jr. vive isolado, num apartamento subterrâneo em Nevada, com as paredes em branco com rodapés e o teto de uma cor cinza escura, com uma sala-quarto de 10 x 2 m², um banheiro de 3 x 2 m² e uma cozinha de 7 x 2 m². Ele saía muito pouco de casa, a IA daquele hotel, Crimson, diariamente recomendava Alex a sair do apartamento e ficar um tempo no que chamam de "jardim-verão" por pelo menos 33 minutos.
 O Jardim-Verão desse hotel, e de mais alguns em Nevada, existe para evitar que as pessoas tenham deficiência de melanina e vitamina D, considerando que, por infinitos motivos, pouca gente sai do apartamento por vontade própria, então precisaram arrumar uma solução. Nessa sala, tem um brilho amarelado feito para simular uma luz solar, tinha cadeiras, um pequeno barzinho que serve suco prensado a frio, um tipo de suco feito diretamente de pomas prensadas de frutas frescas, acompanhado com comidas leves, como um prato original à base de batatas, chamado simplesmente de Batata de Lótus, ou "patata de rosa" na América Latina.

 Muitas vezes, o Alex costuma entrar no Jardim-Verão às 12:40, e só saía às 14:20, isso porque, de tão relaxado e concentrado no mundinho imaginário que ele desenvolveu para se distrair, algo apelidado pelos outros como "VR natural", o Alex só saía da sala quando mandado, e bem, depois disso, hoje mesmo, Alex se ajustava para poder ir a algum cinema, para compensar tanto tempo dentro do seu apartamento, mas mesmo sabendo até 3 idiomas (inglês e espanhol fluente e japonês básico) ele nunca estava pronto para conversar, então ele prepara alguns papéis com pequenos roteiros e um plano para evitar que enchessem o saco dele. De qualquer forma, aquilo não estragava o contraste de tons de pele do seu corpo, com o qual ele teve a sorte de sua condição de vitiligo formar logo uma separação meio-a-meio.
 Conferindo previamente pelo seu computador, no cinema local mais próximo, havia 15 opções de filmes (8 filmes artísticos e de fantasia, 3 filmes de ação e ficção científica, 3 filmes de terror e 1 filme de heróis genérico), e é claro, Alex escolheu logo o filme mais longo, o "Esperança de um Último Dragão", um filme de 5 horas e com um intervalo de 1 minuto após os 2:52:00 do filme como forma de descansar as pessoas, e um dos filmes Carro-Chefe, com acesso a 3 tipos de Tickets para ver o filme.

1. Os tickets vermelhos: Existem entre outros tipos de filmes, é o bilhete pago separadamente valendo apenas uma vaga, cada, para se sentar na sala do filme.
2. Os tickets azuis: Filmes leves ou de ação costumam ter essa sessão, um ticket promocional para doadores de sangue, alunos (valendo até 1 ano após a formatura), trabalhadores (não incluindo home office) e pessoas com filhos, em que eles podem pagar um bilhete de mesmo valor pela metade do preço, ou comprar um pelo preço de um ticket vermelho, valendo 2 vagas.
3. Os tickets negros: Bilhetes especiais para filmes de destaque, custam cerca de 3 dólares nos EUA, o triplo do preço dos tickets vermelhos, em troca de, além da vaga para as cadeiras, também dar direito a 1 balde de pipoca extra amanteigada, 1 barra de chocolate da marca que quisser, 1 refrigerante também da marca que quiser, e uma customização na cadeira da vaga para se tornar uma cadeira de massagem durante a passagem do filme.

 Alex Carter tem uma ideia, e se prepara para pôr em prática amanhã.

> 12/11/2264.
Alex: Eu sabia! Eu tive a oportunidade de ouro de fazer esse plano se tornar algo real! Ahahah!
 Alex se vangloriava por ter comprado 8 tickets vermelhos e 1 ticket negro para que a vaga especial seja a nona cadeira e a área central onde ele ia se sentar, em uma sala de cinema com 50 lugares e apenas uma semana depois do lançamento desse filme. Tudo isso para ter certeza que evitaria qualquer interação dos civis enquanto assistia ao filme.

Olha aí o filhadaputinha no meio!

 Ele seguiu vendo o filme, lá tinha o desenvolvimento de um mundo mágico oceanpunk, que gradualmente desenvolvia uma estética dreamcore nos seus momentos do uso literal da magia, indo desde o uso da energia de Gaya (como aquele filme chamava um equivalente da Terra) para mover os maquinários a também momentos em que os personagens controlavam o espaço, o tempo e a causalidade dos eventos, Alex não esperava por aquilo, e se sentia passar mal, mas não vomitava, inclusive, às vezes, Carter fechava os olhos ou também bebia seu refrigerante, para passar o efeito. Ele tentava seguir uma tal de Missa Miller, uma mulher forte, corajosa e independente, de uma espécie original daquele filme, os gayanos, uma espécie parecida com humanos, elfos e eugenéticos, praticamente uma mistura perfeita deles, não tinham orelhas pontudas, mas seus cabelos tinham cores de todos os tipos, e eles tinham uma capacidade inata com a magia. Com o poder do VR nos cinemas, Alex fazia o possível para ajudar Missa Miller no que fosse possível, incluindo lutar contra aquamarinhos, um tipo de feras aquáticas horrendas, tudo isso, sem derramar pipoca ou refrigerante por movimentos bruscos no VR que davam impulsos no seu corpo na vida real.
 Durante o intervalo, Alex arruma seu banco central, vai pro banheiro urinar, se limpa com sabonete líquido e água corrente da pia do banheiro mais próximo, e se seca com uma toalha instantânea que entregam periodicamente próximo das cabines do banheiro. Seguindo mais uma vez com o filme após o intervalo, ele assistia os 2:25:10 restantes, guardava tudo e voltava pro apartamento. Parecia algo realmente novo, e Alex inclusive se isola em um canto para poder anotar as partes favoritas da experiência dele num app de agenda do seu celular.
 Depois disso, Alex seguiu estudando por EAD em seu computador caseiro, e improvisando uma renda publicando vídeos no Mixert.

Fim!