Furos, Chave e Dor

> 15/10/2270; Matriz Dimensional Ômega; Multiverso.
 Foramin se irritava, seus planos estavam caindo e sua identidade estava sendo esquecida, e ele ainda estava com Losui em sua disposição, aquele humano estava em extrema dor, foram menos de 6 meses, mas para Losui, foram 179.000 anos, e ele via toda a narrativa, desde as folhas caindo nos tempos de Outono e Primavera, de todas as cores, de todos os planetas, a também os grandes eventos, como a aparição de espíritos da festa, lutas no Arizona, Albakar e Yuri perdendo uma luta muito brutal, e Dolem falhando os planos de Foramin, o fluxo do caos criado por Pattarak e a libertação de Leo Tandas, tendo até mesmo eventos que não aconteceram pra ele, mas soavam inevitáveis, e já tendo ocorrido, ele tinha visto a essência da Quarta Dimensão, mas não tinha conhecimento que o levasse a reconhecer que estavam em uma narrativa.
Foramin: Vocês, humanos, são só pobres coitados, vivendo no automático, acreditam que não podem fazer nada pra mudar, como se o que ainda está pra acontecer não tivesse a ver com as suas escolhas anteriores, e tudo soa inevitável, quando você nem tentou mudar o seu futuro.
Losui: Mas você já tentou invadir a realidade, e destruir toda a existência de tudo o que eu habitei?
Foramin: ... Destruir tudo o que já existiu? Eu já tentei destruir tudo isso, mas algo me impediu, e eu preciso de algo pra que, quando eu tentar de novo, eu pudesse destruir tudo, como aqueles episódios finais em que todos são destruídos violentamente, nem que, pra isso, esse mundo tenha que ser esquecido para sempre.
Losui: Então... o seu plano é esperar aquele que vocês chamam de 'O Arquétipo' morrer, o que está absolutamente fora do que nosso mundo pode interpretar, de um criador supremo morrendo?
Foramin: Isso vai muito além, a morte de alguém não vai extinguir as suas ideias, já que elas não estão presas ao corpo, e sim nos feitos, nos registros, afinal, quantas vezes o Superman foi morto ou desconstruído mas ainda protegeram o símbolo de esperança do personagem? Quantos artistas vimos morrerem de forma vergonhosa mas ainda terem a sua arte conservada pra influenciar os tempos seguintes? Ou pior, quantos sapientes preservam os ideais extremistas e que vocês tanto odeiam, mesmo seus criadores tendo morrido e sido humilhados? Essa história pode se manter eterna, desde que as pessoas ainda lembrem de seus registros, já que algo pior que a morte é o esquecimento, por isso este está na cegueira elementar do vazio.
Losui: Então... você vai tentar algo pra destruir tudo, mesmo que não tenha chances de ganhar?
Foramin: Não é isso o que eu quis dizer, afinal, eu posso destruir essa cosmologia inteira, matar todos os mortais, deuses, entidades, criadores supremos, mas ainda assim, eu nunca irei sair desse mundo, um feito que eu poderia usar pra tornar essa destruição permanente, e foi pra isso que eu fui criado, pra destruir tudo o que o autor cria, e o melhor, deixe que eu te mostro.
 Foramin fazia Losui ver o próprio Foramin destruindo cada ponto do multiverso, com os universos se colidindo como nêutrons em átomos de urânio, com reações em cadeia que destruía ainda mais universos, até que sobrassem apenas 10, daquela vastidão que superava o infinito de forma irreconhecível, e nesses universos, em um ele transforma cada animal aquático em seres que se parecem com anjos da morte, que destruíam cada vida sapiente de lá, junto com seus planetas, em outro, ele cria pandemias e doenças que afetavam todos, os matando de forma lenta e dolorosa, em 5 desses universos ele faz cada átomo de oxigênio, carbono e hidrogênio pegar fogo, o que ia desde matar os vivos e explodir os inanimados, a desmoronar planetas, em um sétimo, ele torna a metade de cada planeta em antimatéria, destruindo devido à reação eletrônica dos átomos, e em outros três, ele elimina cada líder de cada cidade, república, reino ou império do universo, resultando em anarquias terríveis e guerras que não acabavam mais, e Foramin indaga de novo.

Foramin: E então, assim você viu o futuro acontecendo, mas não esse presente, você acha mesmo que estamos livres desse autor?

> plano elementar; Universos 255-P e 210-P
 O plano elementar é constituído de um número de camadas de quantidade e volume suficientes para se equivalerem ao plano material inteiro, incluindo o universo material, as dimensões que transbordam do plano etéreo, herdando elementos para os deuses exilados, o reino de antimatéria, conhecido por Otasha como Steligra, e planos menores e pouco conhecidos, mas usados ou criados por feiticeiros, como o reino escuro, um mundo por onde os fantasmas habitam e circulam, tendo o poder de transitar entre esse mundo e o universo normal como forma de atacar, ou a Dimensão Vermelha, que absorve a energia caótica dos outros mundo para gerar sua própria matéria, luz e vida, a trindade das criações.
 Os cinco elementos mais fundamentais são os elementos do fogo, água, terra, vento e geometria, que são capazes de gerar os chamados elementos secundários, podendo o fogo gerar todos os elementos energéticos, assim como o Fundamento do Fogo, como a luz, a eletricidade e a entropia, a terra pode criar os minerais em união com o fogo, ou grandes montanhas e relevos em união com o elemento vento, e a água pode gerar as elementos da vida em conjunto com a terra, assim como os Fundamentos do Sangue e das Plantas, ou formar o poder do céu com o vento, assim como foi formada a Canção do Céu, um poder antigo, que quando os feiticeiros cantam para as nuvens e para as águas, eles podem evocar chuvas volumosas, para combater as secas de seu mundo.

 Já a geometria está aplicada em cada ponto do espaço, como distâncias, velocidade, diâmetro, proporções e arte, muito usado no Sprihit Vren dos dragões, e na Proporção Áurea que é muito conhecida entre os usuários do Fattore Spirale, e o tempo, desde segundos, minutos, horas, dias, meses e anos, à sua influência na causalidade dos eventos. Aliga'r, mesmo sendo dominantemente um ser filho do elemento da água, viveu milênios o suficiente pra dominar a magia matemática do elemento geométrico e do Fundamento do Espaço e Tempo.
 Aliga'r decidiu peregrinar entre as camadas do plano elementar, conhecendo montanhas explosivas do domínio do fogo, e junto de patronos e do cristal elementar do fogo dessas montanhas, cruzou a Parede de Fogo que barrava ele de sair daquela camada, cruzando uma escadaria espiral até um reino composto por nuvens, e ele estava em um castelo com estrutura aproveitada das pedras da região, com paredes e arquitetura que pareciam com mármore, pedras comuns e tijolos, com cores quentes vindas do elemento fogo da camada anterior.

 Depois de descer a escadaria, ele se encontra com os elementares do tempo, os quais ele procurava conversar para conhecer a 642ª camada daquela realidade, muito abaixo do domínio normal onde ele habita, e eles debatiam. Aliga'r presenciava uma sala grande, semelhante a uma sala de jantar chique de parede e chão em cores quentes, e na mesa grande com tampo de mármore negro e pernas castanhas, e cadeiras de madeira que se pareciam como árvore modeladas daquela forma, e um cristal elementar do céu dando energia que iluminava aquele castelo, e lá estavam 3 elementares do tempo: 2 femininas e 1 masculino.
Aliga'r: Bom ciclo temporal, senhoras e... senhor?
Elementar ♀1: Estás interessado em revisitar os mistérios e fenômenos do passado.
Aliga'r: Não, senhora.
Elementar ♀2: Veres o que possa te assombrar ou assombrar teus colegas no futuro?
Aliga'r: Nem um pouco.
Elementar ♂: Precisarás de nossa ajuda para um combate a demônios?
Aliga'r: Pois não estou a fim por favores, apenas... pra uma conversa amistosa.
 Aliga'r se senta em uma das cadeiras, e conversavam sobre a Terra, entre os motivos, por causa do que Muramasa e Brigadeiro já falaram, tudo parecia que não ia a lugar algum, mas em realidade, era necessário para ele ter pista sobre como tem tanta energia elementar na Contra-Terra, um mundo espelhado, localizado de forma semelhante, porém em uma dimensão distante do mundo normal por uma frequência temporal diferente, em que, para a civilização da Via Láctea, só o Concelho Galáctico com a joia do poder ou os nativos da própria Contra-Terra com sua magia de Ego tem o acesso aos portais que levam à Terra original, e isso estava intrinsicamente ligado à tribo de Bjorn, uma tribo de homens guerreiros e, assim como 40% dos nativos, são contra-humanos, porém, com uma bênção imortal semelhante à dos sacerdotes da sétima deusa no planeta prateado.

 Pyrman soube dessa dimensão pois a visitava por engano, e aproveitando as passagens, conheceu esses seres e suas tradições, como guerreiros tão formidáveis que seus inimigos alegavam que estes fossem imortais, e sob seus capacetes, uma das poucas peças físicas que usavam como proteção além de armas e escudos, escondiam belos rostos masculinos, com cabelos longos, soltos, com rabo ou trançados, e barbas de diferentes tamanhos, e nunca a raspam, no máximo cortam para que não ultrapasse o espaço coberto pelo escudo, e sobre sua cultura, além das práticas românticas entre os membros da tribo, também haviam uma deusa chamada Mekha Nka.
 Uma entidade estranha, sempre construída de formas diferentes, como engrenagens, relógios e moinhos, os relógios eram todos de bronze, diferente de seus armamentos de ferro e peças leves de couro, e as outras estruturas eram de pedra, com o maquinário em bronze, e acreditavam que aqueles metais eram condutores do poder de Mekha Nka, a deusa da sabedoria, das forjas, da tecnologia e da estratégia em combate, e o que mais chamou a atenção sobre essa deusa, é que no criacionismo deles, a deusa criou a magia, que eles a usam na forma de negociações mágicas, algo que Pyrman tinha associado a outras técnicas de alteração de magia, e que Aliga'r, falando sobre o que havia acontecido, parafraseia que Pyrman até mesmo associou a Metamagias, algo que Aliga'r não sabia o que era, mas ouviu falar também de Donald e Howard.

> 02/11/2270; Lille, França; Universos 255-P e 300-P
 Dia de Los Muertos em outro lado do mundo, onde Isa e Ju foram comemorar, agora considerando que elas e os seus colegas do Novo México já estavam mais ligados intimamente com Maria Bonita, e cogitavam que ela poderia ser útil para ajudar eles para algum combate, algo que nunca fizeram fora do México.

 Fugaret escrevia e-books que nem a Isabella, mas diferente dela, eram livros mais conceituados e "inteligentes", já que Fugaret foi treinado pra escrever como ninguém, inclusive estudando muito de ciência e filosofia para facilitar com a lógica das suas histórias, como A Flor Vermelha (história sobre uma flor vermelha que cresceu no deserto, e que as vilas acreditavam que era um fruto criado pelo Sol) ou Le Alquimiste (história de um alquimista que buscou pelos segredos da imortalidade, e acabou perdendo a sua sanidade em um labirinto de abstrações indescritíveis), mas nenhum deu tão certo quanto Coração Valente (uma série de livros de cavaleiros, romance e muita magia, com um hard magic que Fugaret precisou fazer três guias para ajudar o entendimento dos poderes dos cavaleiros, alquimistas e feiticeiras) e Homem-Aranha: Um Herói de Todos os Públicos (que ele escreveu durante uma viagem a Deming, inspirado pelo John Parker e pelos colegas dele na Web Cave, um livro sobre como Fugaret gostava de quadrinhos na infância e só retornou a gostar quando foi desertado temporariamente e deixou a arrogância de lado).
 Fugaret até pedia pra Julie trazer alguns de seus "amis étranges" e da Isabella, pra dar inspiração ou para levar ele a algumas viagens, e uma que ele gostou de conhecer foi a Spelia Argentia, do sistema de Proxima Centauri, e que o levou pra algumas viagens no espaço, inclusive conhecendo alguns planetas muito gentrificados e bem tristes, o que o levou a incluir na sua história principal, Coração Valente, escritas de burgos muito grandes, porém muito corruptos, com nobres cruéis e plebeus enganados pelo pão e circo, adaptações medievais do que ele presenciou no planeta Klark-300 e no planeta Nike, que apesar de ter lugares melhores, era bem urbanizado e com habitantes muito iguais física e mentalmente.
 Outra pessoa que Fugaret gostou de conhecer por causa da Julie foi Haraniku, que não gostava da presença dele, ou daqueles olhos grandes que ele também achava assustador na Julie, mas ele o mostrou alguns livros e cultura mágicos que deram mais ideias para o que Fugaret fosse escrever, assim como o espiral alquímico, quase onipresente nas artes, poderes e objetos alquímicos, como a pedra filosofal, que Haraniku não tinha em casa, mas viu várias por aí, inclusive no estoque do construto de Piccu.

> Matriz Dimensional Ômega; Multiverso.
Losui: O que... O que aconteceu? Eu nem senti o tempo passar.
Foramin: Viu? E é isso o que mais me impede de lutar contra a criação, tudo o que eu destruo, o narrador pode fazer retornar, e ele vai fazer retornar, e continuar!

> Nova Lander, planeta Stereo; Universo 255-P
 Naej acorda com uma dor de cabeça estranha, era como se ele tivesse levado uma surra de tacos de baseball enquanto acordava de uma ressaca, tudo de ruim que aconteceu, se tornava um sonho bizarro.

Continua>>>